Ana de Castro Osório nasceu em Mangualde em 1872, num ambiente culturalmente privilegiado. Após uma infância e adolescência passada na sua terra natal, foi em Setúbal, para onde se muda com a família em 1895, que iniciou a sua carreira literária e política. Em 1898 casou com Francisco Paulino Gomes de Oliveira, poeta, jornalista, editor e activista republicano, de quem teve dois filhos.
Ana de Castro Osório cedo se lançou na edição de uma colecção para crianças, actividade que a iria tornar nacional e internacionalmente conhecida. Como escritora, para além de ter feito recolha oral de contos tradicionais um pouco por todo o país, traduziu contos de escritores internacionais como os irmãos Grimm, C. Perrault, H. C. Andersen, Rosália Hoch, A. Stein, Ireida Schuette.
Foi a fundadora de literatura infantil portuguesa defendendo assim a inclusão nos livros escolares de rimas e contos para as crianças se sentirem alegres e criarem um mundo imaginário. Foi autora de livros destinados ao ensino primário geral e ensino primário superior.
“ Não se constrói uma sociedade, nem se reforma uma Pátria se as crianças não forem desde os primeiros anos dirigidas, instruídas e disciplinadas para um alto fim de grandeza e idealismo superior da Pátria a que pertencem (…)”
Além da área pedagógica, a escritora como mulher republicana que era, defendeu ideais republicanos e ainda apelou à defesa dos direitos das mulheres. Feminista empenhada defendeu a educação e instrução das crianças e das mulheres, a independência económica feminina, a igualdade de direitos entre os dois sexos, o acesso da mulher a diversas profissões, o sufrágio feminino restrito, a igualdade de direitos entre os cônjuges, a lei do divórcio e o direito «a salário igual para trabalho igual». Politicamente comprometida, republicana convicta, Ana de Castro Osório considerava que o papel da mulher não podia continuar a resumir-se ao de mãe e esposa, pelo que, para conseguir romper com as dependências tradicionais, a mulher deveria ser economicamente independente, o que implicava uma educação e instrução adequadas e em pé de igualdade com a educação ministrada ao sexo masculino.
A partir de 1908, organiza e dirige a Liga Republicana das Mulheres Portuguesas, constituída unicamente por elementos femininos, que chegando a ter centenas de militantes, tinha por objectivos “orientar, educar e instruir, nos princípios democráticos a mulher portuguesa; fazer propaganda cívica, inspirando-se no ideal republicano e democrático; promover a revisão de leis na parte que interessa especialmente à mulher e à criança.”
A 23 de Março de 1935, com 62 anos de idade, morria a pioneira na luta pela igualdade de direitos em Portugal, Ana de Castro Osório.