Brites de Almeida, ficou mais conhecida como Padeira de Aljubarrota, nasceu em Santa Maria de Faaron (actual Faro). Dizem as histórias que era feia, grande, com 6 dedos nas mãos e maria rapaz.. Desde criança que se mostrou de feitio desordeiro, gostando de andar à pancada com outros miudos. Órfã aos 26 anos, vendeu o que tinha e lá foi de vila em feira, adestrando-se no manejo das armas.
Aprendeu a manejar a espada e o pau com tal mestria que depressa alcançou fama de valente. Apesar da sua temível reputação houve um soldado que, encantado com as suas proezas, a procurou e lhe propôs casamento. Ela, que não estava interessada em perder a sua independência, impôs-lhe a condição de lutarem antes do casamento. Como resultado, o soldado ficou ferido de morte e Brites fugiu com medo da justiça. Embarcou para Espanha, mas o barco em que seguia foi assaltado por piratas mouros, que a levaram para o Norte de África. E lá foi vendida como escrava.
Engendrou um plano e combinou com os outros escravos matarem o dono e fugirem para Portugal. Assim aconteceu, mas na viagem de regresso um temporal acabou por atirar com o barco para a costa da Ericeira. Procurada ainda pela justiça, Brites cortou os cabelos, disfarçou-se de homem e tornou-se almocreve.
Para sobreviver, cansada e sem recursos, começou a pedir esmola à porta de um forno, despertando a atenção da padeira, que já ia avançada na idade e viu nela uns bons braços para o manejo da pá. Não se enganava a velha, que morreria antes do episódio que poria o nome de Brites de Almeida na História. Chegou a casar-se com um honesto lavrador..., provavelmente tão forte quanto ela.
O dia 14 de Agosto de 1385 amanheceu com os primeiros clamores da batalha de Aljubarrota e Brites não conseguiu resistir ao apelo da sua natureza. Pegou na primeira arma que achou e juntou-se ao exército português, naquela que foi uma das grandes batalhas que ficaram na história de Portugal. Famosa pela tática do quadrado, e pela Ala dos Namorados, Ala da Madressilva e a ala que ficou à retaguarda.
Chegando a casa cansada mas satisfeita, despertou-a um estranho ruído: dentro do forno estavam sete castelhanos escondidos. Brites pegou na sua pá de padeira e matou-os logo ali. Tomada de zelo nacionalista, liderou um grupo de mulheres que perseguiram os fugitivos castelhanos que ainda se escondiam pelas redondezas.
Conta a história que Brites acabou os seus dias em paz junto do seu lavrador mas a memória dos seus feitos heróicos ficou para sempre como símbolo da independência de Portugal. A pá foi religiosamente guardada como estandarte de Aljubarrota por muitos séculos.