A Amazónia é rica em lendas criadas pelos povos indígenas; virtualmente todos os animais e plantas da imensa floresta virgem, possuem uma lenda que explica a sua origem.
Essas lendas estão carregadas de uma ingenuidade e pureza que apenas um contato tão próximo com a natureza permite alcançar.
De boca em boca, algumas dessas lendas chegaram até aos nossos dias, tendo sido naturalmente alteradas com o passar do tempo, preservam no entanto as suas caraterísticas principais, sendo talvez a mais marcante, aquela que nos mostra o quanto a fauna e a flora se misturavam com o homem primitivo, numa comunhão que entretanto se perdeu... e não apenas no sentido figurado.
Esta cache, colocada sobre o Rio Negro, em Novo Airão, está bastante próxima de um local onde podemos conhecer e alimentar botos cor-de-rosa.
Outro dos mamíferos do Amazonas é o manatim, localmente chamado peixe-boi, figurando mesmo como ex-libris de Novo Airão.
É sobre estes dois animais que falam as lendas que passo a citar.
LENDA DO BOTO COR-DE-ROSA
Ao início de cada noite, o boto transforma-se num belo homem e sai das águas, bem vestido e de chapéu (para esconder o buraco que todos os botos têm no alto da cabeça, por onde respira). O homem-boto vai aos bailes, dança, bebe, conversa e conquista uma bonita mulher. Mas, antes de amanhecer, mergulha na água do rio e se transforma de novo num mamífero aquático. É comum as jovens que engravidam sem planear desculparem-se dizendo: "Foi o boto!"
LENDA DO PEIXE-BOI
Certa vez foi realizada uma grande festa para os adolescentes de uma aldeia. O pajé mandou que uma moça e um moço mergulhassem nas águas do rio. Quando ambos mergulharam, o pajé jogou, em cima de cada um deles, uma tala de canarana. Quando voltaram à tona da água já haviam se transformado em peixe-boi. A partir deste casal nasceram todos os outros peixes-boi. É por esse motivo que eles se alimentam de canarana, uma planta aquática de talos compridos.
English translation soon