Caminho das lágrimas
Foi apenas mais uma tragédia, como muitas outras.
O pai da jovem era um jogador compulsivo, já tinha perdido tudo, os barcos de pesca que possuía, a casa, tudo, restava-lhe apenas a filha que estava noiva do namorado de sempre.
Naquele dia o homem perdeu o pouco que lhe restava: a dignidade e apostou a filha com um velho e rico lavrador do interior que vinha à cidade vender o seu gado e as suas colheitas periodicamente. Conhecia a jovem e o negócio agradou-lhe. Como seria de esperar o homem perdeu. E perdeu a filha que o lavrador ficou de vir buscar no dia em que marcou o casamento, deixando logo ali dinheiro ao pai para mandar fazer o vestido, já que o pai nada tinha, e partiu para os montes.
A inconsolável jovem sentia a obrigação de honrar a palavra do pai mesmo sabendo que levaria uma vida de tristeza, longe de casa, do mar, do homem que amava, longe de tudo.
No dia marcado, uma carruagem enviada pelo lavrador veio buscar a jovem que chorando copiosamente com o coração partido, partiu, olhando com ternura o singelo anel que o seu jovem amado lhe dera na noite anterior e que levava no dedo e segurando na mão o frasco com o veneno que decidira tomar naquela noite. O pobre namorado não se conteve e perseguiu a carruagem e os empregados do lavrador. Mas este contava com isso e preparou uma emboscada ao jovem.
À noiva sabendo que esta nunca o amaria, arrastou-a para um local onde a amarrou, dizendo-lhe que ali permaneceria até que desejasse e quisesse casar com ele voluntariamente. Ninguém sabia onde a jovem estava e o lavrador nesse mesmo dia foi assaltado na sombria estrada de regresso a casa e nunca mais foi visto.
O que ele não sabia era que pelo caminho que a conduziu ao seu cativeiro para além das lágrimas que a jovem não conseguiu conter, foi deixando ficar os sinais que podia, símbolos que levariam o seu namorado até ela para a resgatar, desconhecendo que este nunca os encontraria e que a noiva ainda o esperaria eternamente.
Nas noites de bruma há quem diga ver a jovem passear nos bosques, outros dizem que já a ouviram cantar uma triste canção:
“E se o meu corpo partir para outro mundo distante,
A minha alma há-de sangrar,
Saudosa dos castelos de espuma que construí junto ao mar.
Para sempre perdida nestes montes, presa por não amar, presa por não desejar,
Vagueando nas brumas, nas frias noites de luar
Espero aquele que me queira encontrar”
Não terá de encontrar a noiva, mas terá de encontrar os objectos que simbolicamente ficaram no caminho de lágrimas que naquele dia percorreu.
Por favor deixe os símbolos e o logbook tal como os encontrou, para que os visitantes futuros possam também encontrá-los.
