Volframite e volfrâmio
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Volframite
A volframite é um minério de tungstato de ferro e manganês com fórmula química (Fe,Mn)WO4. Pode ser considerado uma mistura variável (entre 20 e 80%) , isomorfa, de dois minerais: tungstato de ferro (FeWO4) e tungstato de manganês (MnWO4). Quando a variedade do ferro é dominante (mais de 80%) o mineral é denominado ferberita e, quando a variedade manganês é dominante (também acima de 80%) é denominada hubnerita.
A volframite é um mineral com estrutura cristalina monoclínica, cor variando entre cinza, castanho e preto, translúcido a opaco, brilho submetálico a resinoso, massa específica entre 7,0 e 7,5, e com dureza entre 5,0 e 5,5.
Ocorre frequentemente nas veias hidrotermais associado com minérios de zinco. Encontrado em veias de quartzo em associação com rochas graníticas, e com a hematite, turmalinas, cassiterite, micas e pirite.
Junto com a scheelite é o minério mais importante para obtenção do tungsténio. No quadro abaixo é possível ver algumas ocorrências de volframite.
Ocorrência 1 |
Ocorrência 2 |
Ocorrência 3 |
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Volfrâmio ou Tungsténio
O tungsténio é também conhecido como volfrâmio e é um dos raros elementos conhecidos por dois nomes. É representado pelo símbolo químico W e tem número atómico 74.
Um metal de cor branco cinza sob condições padrão, quando não combinado, o tungsténio é encontrado na natureza apenas combinado com outros elementos. Foi identificado como um novo elemento em 1781, e isolado pela primeira vez como metal em 1783. Os seus minérios mais importantes são a volframite e a scheelite. O elemento livre é notável pela sua robustez, especialmente pelo fato de possuir o mais alto ponto de fusão de todos os metais e o segundo mais alto entre todos os elementos, a seguir ao carbono. Também notável é a sua alta densidade, 19,3 vezes maior do que a da água, comparável às do urânio e ouro, e muito mais alta (cerca de 1,7 vezes) que a do chumbo. O tungsténio com pequenas quantidades de impurezas é frequentemente frágil e duro, tornando-o difícil de trabalhar. Contudo, o tungsténio muito puro é mais dúctil, e pode ser cortado com uma serra de metais.
O termo tungsténio, do sueco tung sten, significando "pedra pesada", foi utilizado por Axel Fredrik Cronstedt em 1757 para designar o mineral que hoje se designa scheelite e descoberto na Suécia em 1750. É usado em muitas línguas como nome deste elemento. O termo volfrâmio (ou por vezes wolfrâmio), usado em muitas línguas europeias (sobretudo línguas eslavas e germânicas), deriva do mineral volframite. Este, por seu lado, deriva do alemão "wolf rahm" (espuma de lobo ou creme de lobo), o nome dado ao tungsténio por Johan Gottschalk Wallerius em 1747, e do qual derivou também o símbolo químico do elemento, W. Wolf rahm por sua vez deriva de "Lupi spuma", o nome usado por Georg Agricola para este elemento em 1546 e é uma referência às grandes quantidades de estanho perdidas na extracção deste metal devido à presença de volframite no minério que continha o estanho.
Em 2005, a União Internacional de Química Pura e Aplicada decidiu utilizar o termo tungsténio em vez de volfrâmio, mas “W” permanece sendo o seu símbolo químico.
O tungsténio é o metal mais importante para aplicações de termo-emissão, não só por causa da sua elevada emissividade de elétrons (que é causada pela adição de elementos estranhos), mas também devido à sua elevada estabilidade térmica e química. Algumas aplicações do tungsténio podem ser vistas na figura acima. Através deste vídeo, em inglês, é possível aprender um pouco mais sobre o tungsténio.
Fontes:
Wikipedia, Carris e “A atividade mineira na região transfronteiriça da Serra do Gerês / Xurés (Trás-os-Montes/Minho/Galiza) – Influência das Minas dos Carris e Mina Las Sombras nos sistemas naturais e humanizados (Liliana Gonçalo, novembro de 2013)
As Minas dos Carris
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As Minas dos Carris
As Minas dos Carris é um complexo mineiro abandonado na Serra do Gerês e incluído no interior da área do Parque Nacional da Peneda-Gerês. Era constituído por três concessões mineiras: Salto do Lobo, Corga das Negras n.º 1 e Lamalonga n.º 1.
Segundo os dados recolhidos a exploração das minas pode ser dividida em quatro fases distintas. Não tendo em conta as explorações artesanais que podem ter ocorrido antes do estabelecimento da primeira concessão legal, a primeira fase terá início já durante a Segunda Guerra Mundial e a exploração é baseada nos simples trabalhos executados entre 1941 e 1943 onde a exploração é feita em aluvião e muito rudimentar. A segunda fase decorre entre 1943 e 1945/1946 levada a cabo por uma empresa portuguesa denominada Sociedade das Minas dos Castelos, Lda. que extrai volfrâmio para ajudar na máquina de guerra nazi através já do alargamento da exploração e da sua iniciação em profundidade.
Alguns dos edifícios que ainda hoje são possíveis de visitar no complexo mineiro, são contemporâneos da fase de exploração pela Sociedade Mineiras dos Castelos.
Após o final dos trabalhos de exploração finda a Segunda Guerra Mundial, a Sociedade Mineira dos Castelos passa a ser dirigida por uma comissão liquidatária nomeada pelo estado português até que em princípios dos anos 50 as concessões são compradas pela Sociedade das Minas do Gerês, Lda. É esta sociedade que vai levar a cabo a terceira fase de exploração mineira ao mesmo tempo que vai dotar o complexo de estruturas mais modernas e avançadas de forma a rentabilizar a extracção mineira. Os trabalhos serão levados a cabo até 1957/1958, altura em que a mina é «abandonada» até ao princípio dos anos 70. É aqui que se inicia a quarta e última fase de exploração mineira que se vai prolongar até 1974/1975. Uma última tentativa de reactivar as Minas dos Carris nos princípios dos anos 80 não tem sucesso muito em parte devido à implementação do Parque Nacional da Peneda-Gerês, fundado a 8 de Maio de 1971 pelo Decreto-Lei n.º 187/71.
Com o final da exploração todo o complexo foi abandonado e, pouco depois, começaram os actos de vandalismo quando certamente o último guarda abandonou a zona. As pilhagens trataram de desnudar as paredes e tectos das casas que, juntamente com a intempérie do duro Inverno da serra, foram degradando as construções. Mais eficaz que os elementos naturais, a acção do Homem foi destruindo Carris, levando as telhas para melhorar as suas casas, retirando o cobre das ligações eléctricas, as louças, os azulejos e tudo o que se podia aproveitar. Aos poucos e poucos Carris vai desaparecendo da memória.
Muito se poderia dizer sobre este complexo que vale a pena explorar, com todo o cuidado necessário pois é uma área com os seus inerentes perigos. Como curiosidade o edifício que parece uma capela não o é. Era a cozinha usada para o pessoal superior e por baixo existe o único lugar que ainda tem tecto e serve de abrigo em condições menos favoráveis.
Há muito mais informação sobre as minas que pode ser consultada neste blog, aqui (pdf 11 MB) ou no livro a elas dedicado: Minas dos Carris – Histórias mineiras na Serra do Gerês” (Rui Barbosa, dezembro de 2013)
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