O estuário do Sado possui uma área de aproximadamente 160 km2 com um comprimento de 20 km e uma largura média de 8 km. A profundidade média é 8 m, sendo a máxima da ordem dos 50 m.
Do ponto de vista morfológico o estuário pode-se dividir em duas regiões de características distintas: o estuário propriamente dito e o Canal de Alcácer. A região do estuário propriamente dito apresenta uma topografia complexa, de acentuada curvatura, com extensas zonas de espraiados de maré e sapais a montante e dois canais a jusante separados por bancos de areia. Estes bancos de areia individualizam um canal Norte e um canal Sul com características hidrodinâmicas diferentes.
(Fonte: Google Earth)
Os espraiados de maré e sapais de montante ocupam cerca de 1/3 do estuário e estão na sua grande maioria integrados na Reserva Natural do Estuário do Sado. Bem como a maioria do Canal de Alcácer e região envolvente, a qual é constituída essencialmente por zonas agrícolas e florestais. Nesta zona a pesca e a aquacultura são actividades económicas importantes. O rio Sado entra no estuário através do Canal de Alcácer, ao longo do qual a maré se propaga por cerca de 20 km.
A cidade de Setúbal, na margem norte, com cerca de cem mil habitantes e intensas actividades portuária e industrial é responsável por uma grande pressão antropogénica sobre o sistema. A margem Sul é constituída por dunas pouco povoadas, possuindo apenas algumas estruturas turísticas próximo da barra.
Batimetria do Estuário do Sado.
O escoamento é forçado principalmente pela maré. A maré é do tipo semi-diurno com alturas na barra que variam de 3.2 m em maré viva a 1.2 m em maré morta. O caudal médio anual do rio é de cerca de 40 m3/s, apresentando forte variabilidade sazonal, com valores médios diários inferiores a 1 m3/s no Verão e superiores a 150 m3/s no Inverno, (Cabeçadas, 1993). O estuário pode ser classificado como fracamente estratificado segundo o critério de Hansen e Rattray (Ambar et al., 1980).
Hidrodinâmica
No interior do estuário pode-se verificar que o escoamento se efectua alinhado com os canais principais (canal da Marateca a montante e canais Norte e Sul a jusante). Durante a vazante o escoamento efectua-se preferencialmente pelo canal Sul. A enchente inicia-se primeiro no canal Norte (com água de vazante do cana Sul) e só depois neste canal. Na região exterior à barra o escoamento de vazante caracteriza-se por um jacto intenso desenvolvendo-se para Este do canal de navegação e por uma região de divergência com menores velocidades a Este desse jacto englobando os bancos de areia do Cambalhão e a região ao largo das praias de Tróia. A Oeste do Jacto identifica-se também uma zona de menores velocidades na zona entre a Secil e o Portinho da Arrábida. Durante a enchente estas regiões de menores velocidades invertem primeiro o escoamento, passando a ter o sentido de enchente enquanto na região do jacto, devido à maior inércia o escoamento se processa por mais tempo no sentido de vazante.
Salinidade
A salinidade é um traçador por excelência da proporção entre a água do mar e a água doce. A parte principal do estuário do Sado comporta-se efectivamente como uma lagoa costeira, com salinidades elevadas (cujo valor depende do caudal do rio). O caudal médio do Rio Sado é do tipo torrencial, com uma média anual da ordem dos 40 m3/s, e valores muito baixos no Verão (da ordem de 1 m3/s).