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Avieiros Traditional Cache

This cache has been archived.

Team Ribeiro: Game over!
Obrigado a todos os que aceitaram o desafio de encontrar esta cache.

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Hidden : 12/20/2011
Difficulty:
1.5 out of 5
Terrain:
1.5 out of 5

Size: Size:   micro (micro)

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Geocache Description:


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Confesso que nunca li o romance "Avieiros", de Alves Redol. Talvez devesse tê-lo feito antes de me aventurar a escrever algumas linhas sobre os avieiros. Peço desculpa, mas vou cometer esse atrevimento. Aqui vai.

Como na costa portuguesa o mar se apresenta habitualmente alteroso durante o Inverno, até há muito poucas dezenas de anos os pescadores passavam verdadeira fome durante essa época, por estarem impossibilitados de pescar. E quando digo que eles passavam fome, quero dizer que eles passavam mesmo fome, no mais cruel sentido da palavra. Fome pura e dura.

A fim de fugirem a esta situação aflitiva, a partir dos primeiros anos do séc. XX pescadores da Praia da Vieira, que fica junto à foz do Rio Lis, no concelho de Leiria, começaram a ir no Inverno para o Rio Tejo pescar o sável e outras espécies de água doce. Terminado o Inverno, regressavam à Praia da Vieira, onde voltavam a pescar no mar. Deu-se assim início a uma migração sazonal de pescadores que, por serem oriundos da Praia da Vieira, foram chamados "avieiros" no Ribatejo.

Pouco a pouco, muitos desses pescadores passaram a residir permanentemente na Borda d'Água ribatejana, deixando de regressar à sua praia de origem. Assim nasceram pequenas comunidades de pescadores espalhadas ao longo do curso inferior do Tejo, pelo menos desde a Chamusca até à Póvoa de Santa Iria. Há comunidades de avieiros nas proximidades da Chamusca, de Alpiarça, em Benfica do Ribatejo, na Palhota (uma pequena aldeia habitada praticamente só por avieiros, no concelho do Cartaxo), em Escaroupim (outra aldeia quase só de avieiros, no concelho de Salvaterra de Magos), em Vila Franca de Xira, na Póvoa de Santa Iria, etc.

As povoações que os avieiros construíram junto aos canais e pauis do Tejo eram constituídas por miseráveis casas de madeira erguidas sobre estacas, à semelhança dos palheiros existentes nas praias do litoral. Ainda há alguns restos destas habitações palafíticas em várias pontos do Ribatejo, mas já não em Vila Franca de Xira, por exemplo.

Com efeito, uma comunidade avieira de cerca de vinte famílias, mais ou menos, vivia quase debaixo do tabuleiro da ponte de Vila Franca, em casas de madeira erguidas sobre estacas, estando estas permanentemente mergulhadas nas águas do Tejo. Um passadiço, também de madeira, servia de acesso às precárias habitações. Como é por demais sabido, o Tejo é um rio muito poluído. À sua superfície flutua toda a espécie de imundícies. Empurradas pelo vento, as imundícies acumulavam-se debaixo dos casebres dos avieiros, tornando aquele local verdadeiramente nauseabundo e infecto. Eram arrepiantes as condições de vida daquela gente.

Há alguns anos, a Câmara Municipal de Vila Franca de Xira resolveu pôr fim a tão insalubre bairro, demolindo-o. Os avieiros foram mudados para casas situadas longe do rio, o que naturalmente muito os contrariou. Julgo saber que finalmente a Câmara os alojou em casas propositadamente feitas para eles perto do Tejo. Não sei ao certo onde fica o novo bairro, mas certamente ficará entre a linha do comboio e o rio. Da próxima vez que for a Vila Franca de Xira (não sei quando será), procurarei o novo bairro avieiro da cidade.

Além dos palheiros, também os barcos dos avieiros fazem lembrar a origem marítima daquela gente. Embora sejam incomparavelmente mais pequenos do que os barcos usados na Praia da Vieira, os barcos dos avieiros no Tejo apresentam quase o mesmo formato que aqueles, com a sua proa erguida, como se precisassem de furar as ondas do mar... São uma visão insólita, para quem não está habituado a ver barcos assim num rio, mas os avieiros usam-nos quase como se fossem uma extensão de si próprios. É preciso vê-los a bordo das suas embarcações para se compreender até que ponto homens e barcos podem ser um só.

Uma sugestão a quem possuir cartão de campista: acampar no tranquilo parque de Escaroupim (Salvaterra de Magos) e contactar os avieiros que vivem na aldeia.

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