A anilhagem
científica das aves
A anilhagem científica é um método de
investigação que se baseia na marcação individual das aves.
Qualquer registo de uma ave anilhada, obtido através da sua
recaptura e posterior libertação ou quando a ave é encontrada
morta, poderá fornecer-nos muita informação acerca da vida dessa
ave e, em particular, sobre os seus movimentos.
A análise das deslocações das aves
anilhadas permite definir as suas rotas migratórias e as áreas de
repouso e paragem, disponibilizando deste modo informação crucial
para o planeamento de sistemas integrados de áreas protegidas para
a avifauna. Paralelamente, com base na informação recolhida através
da recaptura de aves anilhadas, pode obter-se um conjunto de
parâmetros populacionais (e.g. taxa de sobrevivência,
sucesso reprodutor) essenciais para determinar as causas das
variações numéricas das populações de aves.
Durante os seus longos voos, as aves
migradoras deslocam-se livremente através das fronteiras políticas
dos Estados, devendo por isso ser encaradas como património
colectivo da comunidade internacional. A criação em 1963 de uma
rede internacional devidamente coordenada de estações de anilhagem
e de Centrais Nacionais de Anilhagem, conhecida por EURING
(www.euring.org), foi
indispensável para uma gestão correcta e eficaz da anilhagem
científica na Europa.
As técnicas da
anilhagem científica das aves
A anilhagem de aves com objectivos
científicos iniciou-se em 1889 na Dinamarca, quando H. D. Mortensen
libertou estorninhos portadores de anilhas metálicas numeradas,
onde se encontrava gravado o seu endereço. Desde essa época
pioneira, a anilhagem transformou-se rapidamente numa técnica de
investigação normalizada, utilizada em todo o mundo. Actualmente é
usada uma grande variedade de tamanhos e tipos de anilhas para
marcar diferentes espécies, de acordo com o diâmetro e estrutura
das patas e com os habitats que as aves frequentam durante o seu
ciclo de vida.
Podem ainda utilizar-se anilhas
especiais e outros tipos de marca para identificação das aves à
distância, sem que seja necessário capturá-las de novo.
Muitas aves são anilhadas no ninho
enquanto juvenis não-voadores, sendo porém necessário utilizar
diversos tipos de redes ou armadilhas para capturar a maior parte
das aves adultas. Contudo, e independentemente do método de captura
usado, é fundamental que os anilhadores garantam a segurança das
aves que anilham. As aves muito pequenas são quase sempre
capturadas em redes japonesas muito finas, sendo essencial uma
selecção cuidadosa da dimensão da malha e do tipo de material
utilizado na confecção da rede, a fim de reduzir o risco de
danificar as penas das aves. As aves maiores, como por exemplo os
patos, são geralmente capturadas em armadilhas "encaminhadoras"
walk-in traps, que não colocam problemas de segurança
importantes.
Após serem retiradas das redes ou das
armadilhas, as aves são geralmente colocadas em sacos macios de
algodão ou em caixas especiais, onde permanecem sossegadas e secas
até serem anilhadas e libertadas.
Os
anilhadores
Por toda a Europa, mais de dez mil
pessoas entusiastas e altamente experientes anilham regularmente
aves, naquilo que poderá ser considerado como um fenómeno ímpar na
investigação zoológica europeia e mundial.
A anilhagem é pois uma técnica de
investigação científica na qual os amadores desempenham um papel
primordial. A maior parte dos anilhadores são entusiastas não
profissionalizados que contribuem com a sua experiência e tempo
livre para o estudo das aves, enquanto os anilhadores profissionais
pertencem geralmente a universidades e instituições de investigação
espalhadas pela Europa.
Às Centrais Nacionais de Anilhagem
cabe a responsabilidade de coordenar e dirigir esta vasta equipa
internacional de investigação. Trabalhando a partir destas
Centrais, ornitólogos profissionais estimulam os anilhadores a
participar em projectos coordenados de investigação e garantem a
obediência aos mais elevados padrões técnicos e de segurança das
aves.
Na maior parte dos países europeus,
qualquer pessoa que pretenda vir a ser um anilhador deverá passar
por um período de formação, durante o qual aprenderá a capturar e
anilhar aves de modo correcto e seguro. Para este efeito, muitas
Centrais de Anilhagem organizam cursos de formação onde os futuros
anilhadores aprendem os aspectos técnicos deste método, como, por
exemplo, a determinação da idade e do sexo de uma ave e os métodos
normalizados de pesagem e medição destes animais. Após ter
completado um período de aprendizagem que dura normalmente de um a
três anos, o futuro anilhador é ainda sujeito, em alguns países, a
um exame final para a concessão da credencial de anilhagem.
Informação
dada pela anilha
Quando as aves são capturadas no
decurso de uma operação de anilhagem podem ser registados
diferentes tipos de informação: a idade e o sexo da ave, diversos
tipos de medições morfológicas (ou biometrias) que podem ser
utilizadas na caracterização de diferentes populações, a quantidade
de gordura acumulada nas aves migradoras, o estado da muda das
penas e o habitat em que a ave foi capturada.
Uma ave pode ser recapturada por
outros anilhadores, observada de novo ou recuperada por elementos
do público, numa grande variedade de circunstâncias (atropelada por
um carro, encontrada morta, abatida a tiro, etc.).
No caso de uma ave ser recapturada
por outro anilhador (controlada), o registo sucessivo das
biometrias permite estudar diferentes aspectos do seu ciclo de vida
anual, tais como as variações da massa corporal que antecedem a
migração ou o desenvolvimento sazonal da muda. Há que ter em
atenção que, quando se pretende comparar as biometrias registadas
por diversos anilhadores, as técnicas utilizadas para a sua
obtenção deverão ser rigorosamente padronizadas entre os vários
anilhadores e entre os diferentes países.
Quando uma anilha é recuperada por um
elemento do público ou por outro anilhador, esse facto é comunicado
à Central Nacional de Anilhagem. Aqui, o número dessa anilha é
verificado nos registos de aves anilhadas que são remetidos pelos
anilhadores; o captor e o anilhador são depois informados sobre os
locais, datas e circunstâncias de anilhagem e recuperação da ave.
Quando uma anilha é recuperada fora do país onde foi colocada é
necessário que as Centrais de Anilhagem troquem a informação
necessária.
O Evento
Irá ser feita uma breve apresentação
da actividade e das aves habitualmente capturadas para anilhagem
científica aos Geocachers participantes. De seguida será feita uma
demonstração de todo o processo de anilhagem acompanhada de uma
pormenorizada explicação, dada por um anilhador credenciado sobre
cada uma das etapas. Os participantes poderão ficar a assistir a
toda a sessão de anilhagem entre as 7 e as 12 horas ( as aves
diminuem de actividade durante o decorrer do dia, sendo
aconselhável a presença nas primeiras horas do dia). Devem ir
acompanhados de botas de borracha e de uma cadeira ou banco.