Enquadramento
Periurbano, planalto, isolado. Situada à entrada da cidade de
Abrantes, deita a fachada principal, antecedida por muro encimado
por gradeamento com remates em ponta de lança, rodeada do lado
S. por jardim cercado, onde estão implantadas várias construções do
antigo jardim e uma capela; para lá da vedação são ainda visíveis
outras construções em ruínas, que faziam parte da mata envolvente,
entre elas um monumental tanque com espaldar rematado por merlões e
ladeado por torrezinhas.
Descrição
Conjunto formado por casa, jardim e capela. CASA: planta
longitudinal, composta por quatro corpos adossadas; volumes
articulados com cobertura diferenciada em telhados de 2 águas, de
forte inclinação um deles disposto transversalmente, e cúpula
piramidal revestida de placas de ardósia; na cumeeira dos telhados
de 2 águas e no beiral dos mesmos, uma crista de motivos
flordelizados em cerâmica; sob os beirados da cúpula mísulas
entalhadas em madeira; lambrequim de lizes em metal no remate das 4
águas da mesma. Fachada principal virada a N. composta por 5 corpos
de diferentes dimensões e alturas com remates rectilíneos e empenas
angulares: 1 piso no corpo do lado esquerdo da fachada, 2 pisos e
sótão nos corpos seguintes, 3 no torreão com águas-furtadas
rasgadas nas 4 águas da cobertura; vãos de diferente recorte rasgam
a fachada, todos eles enquadrados por molduras denticuladas, em
tijolo, alguns com mainéis e sobrearcos no mesmo material - uma
porta de verga redonda, com uma inscrição na bandeira "Villa Maria
Amélia / 1892", no corpo do torreão, janelas maineladas com vergas
em arco quebrado e em arco ultrapassado, janelas de um só vão
redondo, quebrado e contracurvado, frestas verticais e em
quadrifólio, irregularmente dispostas. Fachada posterior S., virada
para o jardim, rasgada por vãos de verga angular, trilobada, em
arco quebrado e a meio ponto; ressalta um corpo semiovalado
adossado ao torreão, subindo em 2 pisos, com uma varanda com
guardas em tijolo rendilhado no piso superior. Fachadas laterais,
de menores dimensões, com empenas angulares, a do lado O. rasgada
por janelas de verga angular, trilobada e quebrada, e por
porta-janela de verga em arco abatido, com balcão assente em
mísulas e guarda em ferro; a do lado E. por frestas verticais e
quadrifoliares, com um corpo de um piso adossado, este cego.
INTERIOR: acesso pelo torreão, dos lados do qual se dispõem os
vários compartimentos: a sala de estar com tectos em madeira de um
plano, com ornatos vegetalistas aplicados, também em madeira,
lareira em mármore e silhar de azulejos neomouriscos; a sala de
jantar *1, com tecto forrado por tela pintada com temas mitológicos
e pequenas pinturas murais nos tímpanos das janelas; a cozinha e
uma escada íngreme, no corpo anexo ao torreão, do lado E., fazendo
a comunicação com o piso superior, com vários quartos de dormir;
escadas em caracol, em madeira entalhada e verga permitem o acesso
aos 2 andares do torreão. Azulejos neomouriscos e naturalistas
revestem em silhar várias divisões. Instalações sanitárias no corpo
de um piso anexo à sala de jantar (uma antiga estufa) e na varanda
do 1º piso. CAPELA: planta longitudinal, com pequena torre sineira
de planta quadrada adossada à capela-mor, cobertura em telhado de 2
águas sobre a nave, em coruchéu piramidal com águas-furtadas nas 4
águas sobre a torre. Fachada principal virada a N., com empena
angular e portal de verga em arco redondo, rodeada por tijolo e
encimada por painel azulejar, em azul e branco, com a representação
do Calvário e a inscrição "15 / 1897 / 1ª / Senhor Jesus da Boa
Esperança / 1744". INTERIOR: nave única com tecto em madeira de 3
planos, arco triunfal redondo, vedado por cancelo em ferro, dando
acesso à capela-mor, mais estreita, coberta por falsa abóbada de
berço; no altar-mor um retábulo com painel em tela, representando a
"Ascenção de Cristo". Sobre a porta de entrada a inscrição "Maria
Amélia Fialho F. Silva de Abreu e Francisco E. Solano de Abreu
1897".
Cronologia
1892 - início da construção do edifício, encomendado pelo Dr.
Francisco Eduardo Solano de Abreu, abastado proprietário agrícola
da região, humanista e filantropo; 1897 - data de construção da
capela construída no jardim, a S. do edifício, assinalada por
inscrição na mesma, incorporando um painel de azulejos barroco,
datado de 1744, vindo possivelmente do Convento de Nossa Senhora da
Esperança em Constância e uma interessante tela seiscentista de
sabor popular; 1940, c. de - a casa passa por doação para a
afilhada do proprietário, Maria Amélia Baeta, que, por sua vez, a
doa à Paróquia de São Vicente de Abrantes; 1996 / 1997 - obras de
adaptação a centro de recuperação de
tóxico-dependentes.
Ruínas
dum dos jardins mais emblemáticos da memória
abrantina
A capela
Cache
A cache encontra-se no exterior da
Propriedade.