Telões é uma interessante
igreja românica do aro de Amarante, que ilustra bem a densidade de
povoamento da região nos primeiros tempos da monarquia portuguesa.
Apesar de não se saber, ao certo, quando foi construída, a igreja
inscreve-se nos derradeiros tempos do Românico, eventualmente no
século XIII, pouco depois de D. Afonso Henriques ter doado o
mosteiro de Telões aos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho (1173).
O portal principal, hoje parcialmente escondido pela moderna
galilé, revela bem o marco tardio da construção, com o seu arco
ligeiramente apontado, de três arquivoltas assentes directamente
nos pés-direitos e o tímpano sem qualquer
decoração.
A história do templo, todavia, é
ainda mais recuada, remontando as suas origens aos finais do século
IX e à implantação de um mosteiro dúplice presumivelmente vinculado
à autoridade asturiana. Este facto é de grande importância uma vez
que o exterior da parede nascente da capela-mor conserva quatro
contrafortes que, apesar de serem criticamente datados da primeira
metade do século XII, têm um inequívoco ascendente asturiano (REAL,
2001: 32).
Por esta sucinta descrição, é de
crer que o templo actual seja o resultado de duas fases distintas,
uma ainda durante a primeira metade do século XII (eventualmente
logo nos seus inícios) e outra mais tardia, eventualmente nos
finais dessa centúria, mas com possibilidades de corresponder,
mesmo, ao século XIII.
Ao longo dos tempos, a igreja foi
sucessivamente enriquecida. No final da Idade Média algumas paredes
do interior foram revestidas com painéis murais, cujas composições
seriam historiadas, mas de que restam apenas frustes fragmentos.
Bastante mais importantes foram as obras do período barroco. Em
finais do século XVII, ergueu-se a galilé, que ocultou parte da
frontaria, e, pouco depois, realizaram-se os retábulos de talha do
interior, sendo particularmente tardio o retábulo-mor,
estilisticamente conotado com a transição para o
neoclássico.
O facto de a igreja ter sido
restaurada em data tardia (já na década de 80 do século XX),
favoreceu a preservação dos elementos artísticos da Época Moderna,
ao contrário de muitas outras igrejas de origem medieval,
expurgadas dos seus momentos de historicidade pela Unidade de
Estilo praticada empiricamente pela DGEMN, no seu período áureo de
intervenção.
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