Castanheiro (Castanea sativa Miller)
O Castanheiro é uma
angiospérmica dicotiledónea, da família das
Fagáceas (família a que pertencem os carvalhos). Das
várias espécies do género
Castanea, a que ocorre
no nosso país é a C. sativa Miller, o comum castanheiro. Podem ser encontradas outras
espécies como ornamentais, sem utilização
produtiva. Na Europa este castanheiro ocorre principalmente a Sul
(Portugal, Espanha, França, Itália e Grécia)
podendo também ser encontrado mais a Norte (Reino Unido e
Alemanha).
Árvore de folha caduca, de
grande porte, podendo atingir 20-30 metros de altura, de copa
semi-esférica, ligeiramente alongada, sendo uma das
árvores mais imponentes dos nossos ecossistemas florestais.
O tronco é espesso, liso nos primeiros 10-15 anos,
fendilhando de seguida, criando linhas que, com o envelhecimento,
fazem o tronco parecer torcido.
As folhas são lanceoladas
(em forma de bico de lanças) e dentadas (margem com pequenos
dentes), verdes e brilhantes, estando dispostas nos ramos de forma
alternada.
Podem chegar a ter 20 cm de
comprimento e mais de 5 cm de largura, embora a sua dimensão
seja variável. Entre Maio e Junho os amentilhos (cachos de
flores amarelas) formam-se junto ao pé das folhas, dando
à árvore um aspecto característico. A
polinização ocorre pelo vento e por insectos. O fruto
de forma cónica mais ou menos achatada desenvolve-se dentro
de um invólucro espinhoso, o ouriço. Cada
ouriço pode ter até três castanhas. Os
ouriços abrem a partir de Outubro, libertando as
castanhas.
Prefere climas
sub-atlânticos, sem temperaturas inferiores aos 15º
negativos, entre os 400 a 1000 metros de altitude em solos
ligeiramente ácidos. No entanto adapta-se a diversos tipos
de estações, razão pela qual
poder ser encontrado em muitas regiões com climas tão
diferentes. Prefere zonas ensolaradas, e depois de estabelecida tem
alguma resistência à
secura.
Pode aparecer em povoamentos
monoespecíficos (soutos ou castinçais, dependendo do
objectivo da produção, fruto ou madeira,
respectivamente), ou juntamente com carvalhos, como o carvalho
negral, Quercus pyrenaica
ou com o carvalho-roble, Q.
robur, embora esta espécie
não ocorra, em dimensão significativa, em
formações naturais no nosso país. A
vegetação herbácea cresce espontaneamente por
debaixo da copa dos castanheiros, contribuindo desta forma para o
fomento da biodiversidade (Biodiversidade em Zonas
Florestais). Devido à
produção da castanha, fruto comestível,
são muitos os vertebrados que as procuram, como o coelho
(Oryctolagus
cuniculus), o javali
(Sus scrofa),
pequenos mamíferos e os cervídeos, entre
outros.
Para
além da castanha e da madeira, produtos directos, os
castanheiros podem ainda produzir outras mais valias, indirectas,
como a biodiversidade, já referida, e potenciar o
crescimento de cogumelos e ervas aromáticas. São
diversas as espécies de cogumelos que podem crescer
sob-coberto, alguns dos quais em simbiose com a
árvore.
Apesar
de normalmente atingir os 30 metros, existem alguns registos de
castanheiros monumentais em Portugal, principalmente nos distritos
da Guarda, Viseu e Bragança. Alguns destes exemplares chegam
a ter troncos com 10 metros de circunferência, com copas
gigantescas e, claro, com algumas centenas de anos de idade. Como
reza a tradição popular acerca dos castanheiros, 300
anos a crescer, 300 a viver e 300 a morrer.
O
castanheiro é uma das árvores mais apreciadas no
nosso país, sendo explorado quer pela castanha, quer pela
qualidade da madeira, sendo nalgumas zonas essencial para a
economia das comunidades rurais. A selecção das
melhores espécies, das melhores variedades e das melhores
árvores foi feita através de gerações
sucessivas, escolhendo as que melhores castanhas produziam e as que
davam melhor madeira.
A
castanha é bastante apreciada na gastronomia nacional. Pode
ser confeccionada desde assada, frita ou cozida, e pode fazer parte
de um sem número de pratos, uns mais tradicionais que
outros.
A
madeira apresenta uma boa densidade, bastante apreciada para
mobiliário, tanoaria e cestaria, embora possa fendilhar
quando seca.