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Pedro Álvares Cabral
A expedição de Cabral ao Brasil e à Índia
Pensa-se que Pedro Álvares Cabral tenha nascido em Belmonte, na Beira Baixa, numa família nobre. Em 1499, quando tinha 33 anos, foi nomeado pelo rei D. Manuel I como Capitão-Mor da 2ª armada da Índia, após o retorno de Vasco da Gama. A missão de Cabral era a de estabelecer relações diplomáticas e comerciais com o Samorim, e introduzir o Cristianismo, pela força das armas se necessário. Realmente Cabral foi escolhido, mais pelas capacidades militares do que náuticas.
A armada foi a mais bem equipada do século XV, integrada por dez naus e três caravelas e transportando entre 1200 e 1500 homens, entre funcionários, soldados e religiosos. Incluía navegadores experientes, como Bartolomeu Dias e Nicolau Coelho. A armada partiu de Lisboa a 9 de Março de 1500, após missa solene na Ermida do Restelo à qual compareceu o rei e toda a corte.
Talvez por causa duma tempestade na costa africana, talvez por outra razão, a partir de certo ponto a frota navegou para Sudeste. A 22 de Abril, após quarenta e três dias de viagem, a tripulação avistou o Monte Pascoal no litoral sul da Baía, Brasil e, no dia seguinte, foi a terra e teve o primeiro contacto com os nativos. Depois, a armada navegou ao longo do litoral para o Norte em busca de abrigo, fundeando na actual baía de Santa Cruz Cabrália, nos arredores de Porto Seguro, onde permaneceu até 2 de Maio. Quando lá chegou, Cabral recebeu alguns nativos no seu navio.
Acreditando estar numa ilha, Cabral denominou a nova terra de "Ilha de Vera Cruz". Como sabia estar a Oeste da linha do Tratado de Tordesillas, também tomou posse da terra em nome da Coroa Portuguesa, mandando erigir uma cruz e realizar uma missa. [A mentalidade eurocêntrica da época era assim... na verdade aquela terra já tinha como donos os vários povos indígenas que lá viviam há séculos - os tupinambás, os tupiniquins, os aimorés, etc.] Depois, Cabral enviou de volta ao reino uma das embarcações menores com a notícia da descoberta - a famosa Carta de Pêro Vaz de Caminha. Esta foi a descoberta oficial do Brasil por Portugal. Mas outras zonas da costa do Brasil (nomeadamente Pernambuco e a foz do Amazonas) já tinham sido descobertas pelo navegador espanhol Vicente Yáñez Pinzón alguns meses antes, em Janeiro de 1500. Acredita-se também que, dois anos antes, o Brasil teria já sido visitado pelo navegador português Duarte Pacheco Pereira numa expedição secreta, organizada com o objectivo de reconhecer as zonas situadas para além da linha de demarcação de Tordesillas.
Em 3 de Maio de 1500, Cabral retomou a sua viagem para a Índia. Ao cruzar o cabo da Boa Esperança, quatro de seus navios perderam-se durante uma tempestade. Como já tinha perdido um navio perto de Cabo Verde e como tinha mandado outro de volta, já só restavam 7 embarcações. Em 16 Julho atingiu Sofala, a 20 de Julho chegou a Moçambique onde foi bem recebido e em 26 de Julho chegou a Kilwa onde não conseguiu chegar a acordo com o chefe local. Em 2 de Agosto chegou a Melide onde foi bem recebido e onde arranjou dois pilotos para o levar em segurança à Índia. Em 13 de Setembro a sua armada, cada vez mais reduzida em número, chegou a Calecute, onde Cabral assinou o primeiro acordo entre Portugal e uma potência da Índia, apesar do clima de desconfiança entre as duas partes. Mas, três meses depois, a feitoria portuguesa foi atacada por negociantes que não desejavam concorrência nas suas rotas das Especiarias (Pêro Vaz de Caminha foi um dos 30 portugueses que morreram nesse ataque) e Cabral retaliou bombardeando Calecute e afundando 15 navios. Cabral seguiu depois para Cochim e Cananor, onde as coisas correram melhor pois conseguiu carregar as suas naus com especiarias e produtos locais. Feito isto, retornou à Europa.
Depois de mais algumas peripécias e mais navios perdidos, Cabral chegou a Lisboa a 31 de Julho de 1501, sendo aclamado como herói. Contudo, das treze embarcações iniciais, regressaram apenas quatro, felizmente carregadas de preciosidades.
Cabral em Santarém
Convidado pelo soberano para comandar a 3ª expedição ao Oriente em 1502, Cabral desentendeu-se com o monarca acerca da escolha de Vicente Sodré (da família de Vasco da Gama) para comandar uma das secções da frota. Como Cabral recusou partilhar o comando, o Rei acabou por trocá-lo pelo próprio Vasco da Gama.
Fixa-se então em Santarém, a 2ª cidade do reino, à espera de um sinal do rei para uma nova tarefa ao serviço da coroa. Aos poucos aprende a caminhar e a passear a cavalo na Ribeira de Santarém, a ir à missa na Igreja da Graça (muito perto da sua casa) ou a conversar com os aldeões. Lentamente deixava de ser um visitante. O sinal do rei nunca chegou e Cabral não recebeu mais nenhuma missão oficial até ao fim da vida. Mas o rei não se esqueceu completamente dele pois concedeu-lhe alguns benefícios a partir de 1515.
Faleceu por volta de 1520, relativamente esquecido, e foi sepultado em campa rasa na Igreja da Graça da cidade de Santarém.
Cabral é lembrado pelos brasileiros como aquele que descobriu o Brasil, sendo homenageado anualmente a 22 de Abril. Foi-lhe erguido um monumento na cidade do Rio de Janeiro. A cidade de Belo Horizonte homenageou-o, dando-lhe o nome a uma das suas principais vias, a Avenida Álvares Cabral.
Em Portugal, Cabral tem monumentos em Lisboa, em Belmonte (sua terra natal) e em Santarém (cidade onde está sepultado).
Igreja da Graça
Para os interessados em visitar a bela Igreja da Graça, incluindo a campa de Cabral, informa-se que a igreja encerra diariamente às 17:30 e que não abre às 2ª-feiras, 3ª-feiras e feriados. A entrada é gratuita.
Mesmo ao lado da Igreja da Graça, visita-se o local da antiga residência de Cabral, hoje transformada num espaço cultural luso-brasileiro, a Casa do Brasil.
Fontes: Wikipédia em Português; Wikipédia em Inglês; "A history of Portuguese overseas expansion", 1400-1668 By M. D. D. Newit, Editora Routledge, 2004
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