Castelo de
Monforte
Tipologia:
Arquitectura Militar / Castelo
A ascensão de
Monforte de Rio Livre a cabeça de território aconteceu no reinado
de D. Afonso III, no tentado processo de organização da fronteira
setentrional (GOMES, 1993, p.183). A sua primitiva forma, todavia,
parece ter-se consumado ainda no século XII, altura em que se
encontra documentado um nobre tenente do castelo (GOMES, 2003,
p.171). Paralelamente, alguns autores apontam também como provável
origem do povoado o período proto-histórico, atribuição que se
assume como essencialmente tradicional.
A maior parte do conjunto
actualmente edificado data de finais do século XIII e primeira
metade do seguinte. Depois de passada a carta de foral de D.
Afonso III, em 1273, a (re)construção da fortaleza continuou
pelo reinado de D. Dinis e estaria concluída na primeira
metade do século XIV, altura em que se documenta a presença de
um alcaide na localidade e se verifica um forte crescimento do
espaço urbano.
A torre de menagem, construída em 1312 (GOMES, 2003, p.171), é o
principal elemento remanescente e aquele que confere ao castelo a
imagem militar por excelência. De planta quadrangular, compõe-se de
três andares, escassamente documentados exteriormente por apertadas
frestas, e com acesso por porta elevada, de arco em volta perfeita,
aberta numa das faces voltadas ao pátio interior do recinto. Em
altura desconhecida, este acesso foi protegido por um alpendre, de
que ainda restam os vestígios de adossamento do telhado. No piso
inferior, a torre possui uma cisterna abobadada, a que se acedia
através de uma abertura axial. O piso nobre era o segundo e
separava-se do inferior por meio de uma abóbada de berço, de que
apenas restam os arranques. Finalmente, o acesso ao adarve exterior
era efectuado por uma escadaria em caracol, "integrada na espessura
da parede", sendo o coroamento efectuado por uma série de mísulas
tripartidas, que suportariam um desaparecido balcão de matacães
(TEIXEIRA, 1996).
O castelo
propriamente dito compõe-se por um pátio rectangular, delimitado
por muralhas de aparelho cuidado, a que se acede por duas portas: a
do lado Sul “Porta da Traição” é de arco em volta perfeita
e vão relativamente estreito; a do lado ocidental
(Oeste) “Porta da Vila”, mais larga e de arco
quebrado, era a porta principal, colocando em comunicação o reduto
defensivo com a vila medieval. Esta, tinha três portas, e era
cercada por uma muralha que se ligava à do castelo e que rompia a
simetria do conjunto para proteger uma pequena fonte (GOMES, 2003,
p.171). No seu interior, existia a Casa da Câmara, a igreja
paroquial e a capela de Nossa Senhora do Prado, edifícios ainda de
pé no século XVIII.
O momento de
apogeu que o reinado de D. Dinis significou, depressa deu lugar a
uma lenta decadência. Menos de um século depois, D. João I viu-se
forçado a criar, em Monforte, um couto de homiziados, devendo
datar, dessa altura, a barbacã e o fosso que rodeava o castelo nos
inícios do século XVI. Por essa altura, D. Manuel renovou o foral
da localidade mas, mesmo assim, a medida não foi suficiente para
evitar o despovoamento da vila, que contava, por essa altura, "X ou
XII vizinhos e todas as outras casas sam derrybadas e feytas em
pardieiros" (IDEM, p.172, citando Duarte
D'Armas).
A última fase de obras data da
Restauração da Independência, a partir de 1640. Nessa altura,
construiu-se um "meio baluarte" sobre parte da parcela
acrescentada no final da Idade Média e outras estruturas
localizadas a Leste da torre de menagem (IDEM, p.172).
Sujeita a obras nos meados do século XX (especialmente a cobertura
de betão e telha da torre de menagem - 1962), o local foi alvo de
melhoramentos na década de 90.
Monumento Nacional Classificado por Decreto nº
37 728, DG 4, de 05-01-1950