Torre de Bias
- Fuzeta
Neste local havia uma inscrição, mas infelizmente
desaparecida, (a que se associava uma representação das
armas reais) continha a data de 1549 e uma alusão
ao rei "JOANNES
III"..
A torre possuía a entrada principal a Norte.
Infelizmente, o estado de degradação, impossibilita a correcta
identificação de pisos. A parte Sul é a melhor conservada, com uma
secção de parede que se eleva a mais de 7 metros de altura, o
interior, encontra-se totalmente entulhado, a uma altura de
praticamente 5 metros. Esta torre servia de vigia-defesa da costa
algarvia. Esta torre está também associada à Lenda da Moura de
Bias.
Lenda da Moura de Bias - Algumas recordações acerca desta
lenda, têm sido alimentadas pelos próprios marroquinos com
quem os pescadores da Fuzeta mantinham boas relações comerciais. Em
Marrocos fala-se
muito das mouras, que neste local, ficaram encantadas. De uma certa
forma os mouros ainda atribuem a sua pobreza de hoje, porque os
seus tesouros ficaram
escondidos nesta nossa província, sob a guarda das mouras
encantadas.
Lembram-se ainda de alguns
sítios da freguesia de Pechão, onde possuíram, dizem eles, as mais
belas propriedades, cujos nomes conservam desde aqueles tempos. É
muito vulgar ouvir-se dos seus lábios os seguintes
versos:
Três belas tem o Portugal
Bela Mandil, Bela Salema
E a mais bela das três
É a nossa Bela-Curral.
Havia no tempo dos mouros,
na Torre de Bias uma formosa moura, que aliava à sua formosura e
riqueza um coração diamantino. Uma das suas principais virtudes,
era a caridade para com o povo.
O pai da virtuosa moura, não via com muito bons
olhos as avultadas esmolas em dinheiro, que ela distribuía aos
pobres, e por isso só lhe consentia as oferendas em frutos. A moura
desobedecia constantemente às ordens paternas, mas Alá fazia constantemente a partida de
transformar os frutos em dinheiro. Indignava-se o pai contra a
desobediência da filha. Um certo dia o pai espreitou a sua
filha e viu que esta tinha razão. Não diz a lenda qual foi o
procedimento do velho mouro.
Parece que esta lenda,
aplicada pelos nossos cronistas à santa esposa do nosso rei D.
Diniz alude talvez a alguma moura que na torre tivesse existido e a
quem se lhe atribuísse o exercício de caridade. É sabido que muitas
vezes os mouros copiaram dos cristãos os modelos das suas virtudes.
Parece que o sitio onde se encontra a Torre de Bias, foi a sede de
uma grande povoação,
têndo sido ali encontradas muitas sepulturas, em cujo
interior aparecem umas pedras à cabeceira, outra aos pés e duas de
cada lado.
Caches a visitar:
Torre de Quatrim e
Vistas do Sul
Texto adaptado de: D’Athaide
Oliveira, Francisco Xavier – As Mouras Encantadas e os
encantamentos no Algarve com algumas notas elucidativas –
Tavira: Typographia Burocrática, 1898, p. 161-164.