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(Sintra é) uma das vilas que
dependem de Lisboa no Andaluz, nas proximidades do mar. Está
permanentemente mergulhada numa bruma que se não dissipa. O seu
clima é são e os habitantes vivem logo tempo. Tem dois
castelos que são de extrema solidez. A vila está a cerca de uma
milha do mar. Há aí um curso de água que se lança no mar e serve
para a rega das hortas. A região de Sintra é uma das regiões
onde as maçãs são mais abundantes. Esses frutos atingiam tal
espessura, que alguns chegam a ter quatro palmos de
circunferência. Acontece o mesmo com as peras. Na serra de Sintra
crescem violetas selvagens. Da costa vizinha extrai-se âmbar
excelente.
Ibne Abde Al – Mumine Al –
Himiari |
Cynthia, ano 488 da
Hégira
Os relâmpagos iluminavam o céu, mas
não eram eles que o faziam estremecer. As noticias que vinham de
Al-usbona eram de que a cidade tinha caído às mãos dos infiéis.
Conseguiriam tomá-la outra vez mas, aqueles que adoravam o profeta
Cristo como deus, voltariam e cada vez em maior número.
- 'A nossa estadia no paraíso está
a chegar ao fim. Temos de guardar o tesouro. Nunca poderá cair nas
mãos dos infiéis!' - Disse isso, enquanto escrevinhava uma
mensagem, que nem os seus mais chegados conseguiam entender. -
'Apenas os puros de coração conseguirão encontrá-lo.'
Quando colocavam o tesouro já os
cavaleiros infiéis se ouviam à distância. O castelo iria caír sem
uma gota de sangue derramado, não era a guerra o fado de Ibn
al-Haytham e dos seus seguidores. Uns dias depois, Ibn não pode
deixar de sorrir quando os infiéis içavam o seu símbolo...
Marshall College, Agosto de
1942
- 'Dr. Jones, Dr. Jones...' -
gritava o segurança enquanto corria a chamar o professor. - 'Eles
estão aqui, os "casacos" estão aqui...'
Outra vez, pensou Indy enquanto
levantava os olhos do jornal. "Nazis cercam Stalingrado", dizia a
manchete. Que raio quereria o FBI com ele agora. Nunca mais o
largavam desde que tinha aceite ir atrás da arca. Tinham-na roubado
dele, ou melhor do museu, e mesmo assim estavam sempre a pedir
novas buscas.
O homem mais alto foi o primeiro a
falar. - 'Dr. Jones, precisamos de si.' - Indy não conteve um
ligeiro sorriso com aquela frase. - 'Recebemos um telegrama do
nosso...eeh, "associado" em Lisboa. Ele diz-nos que tem um
determinado livro sobre sociedades secretas e objectos mitológicos.
Não percebemos bem sobre o que ele fala, talvez nos possa
ajudar.'
O
papel que lhe entregaram estava cheio de rasuras, incrível
como tanta coisa poderia ser considerada confidencial. Que
queriam ele que dissesse?
- 'A seta do destino? Querem saber
sobre ela? Bem, é também conhecida como lança sagrada ou lança de
Longino. Segundo a tradição cristã foi a arma usada pelo centurião
Longinus para ferir Jesus Cristo durante a crucificação. A
tradição continua com José da Arimateia que deixa a terra santa com
a lança e parte para as ilhas britânicas. Isto foi à volta do
ano...' - Jones coçava o queixo tentando se lembrar do ano exacto.
Esta não era a sua especialidade. - '...do ano 37A.D.'.
- 'Isso pode nos ser útil?' -
perguntou o homem mais baixo.
Pergunta parva, qualquer museu
trocariam todas as suas colecções por esta peça unica. - 'Diz-se
que quem tiver a lança e resolver os seus mistérios detém o destino
do mundo nas suas mãos...' - acabou por dizer - 'Para o
Bem e
para o
Mal!'
Mértola, dias depois
O Sol de verão atingia o seu pico.
Estava calor, muito calor! Indy estava habituado ao tempo do
deserto, mas aqui parecia ainda mais quente, talvez pela falta de
vento.
O
velho estava a tentar ver as linhas de texto de um árabe, que
Indy não reconhecia. Silva estava atrás de ambos, tinha sido
ele a arranjar o livro antigo e a folha solta com aquele
estranho puzzle. Ele era um português ao serviço dos
americanos, tinha conhecido um poeta Fernando Pessoa há dez
anos. Ambos tinham um interesse pelo oculto e sociedades
secretas. Pouco antes de morrer deixou-lhe o livro e Silva
tinha gasto muito do seu tempo, e dos meios dos americanos, à
procura de artefactos, em troca de alguma espionagem
ocasional.
- 'Isto é um pouco confuso.' -
Falou finalmente o velho. - 'É uma variante pouco conhecida do
moçárabe, o árabe falado aqui na península durante a invasão
muçulmana. Quer dizer: "Para
das mãos dos infies, o tesouro do Cristo salvar, tivemos que os
imitar. No monte da lua escondido ficou. Uma pista foi deixada,
para que apenas os iluminados o pudessem encontrar. Procura no
abrigo, entre o miradouro preferido e o local de recolhimento, e a
pista sob as pedras aí descobrir."'
E com isto Indy teve aquela
sensação de estar a um passo do tesouro, mas normalmente era aí que
o chão desaparecia debaixo dos pés. Silva colocou a mão no ombro de
Indy e disse: 'Temos de nos despachar, os
"old Fritz" montaram
acampamento em Sintra.'
Sintra, Palácio da Pena,
crepúsculo
E ele tinha razão. Daquela janela
ele podia ver onde o tesouro estava escondido. Podia ver também o
seu chapéu no chão, e sentir as suas mãos atadas atrás da cadeira.
Mais uma vez tinha encontrado todas as pistas, mas quando se
aproximava do tesouro final os alemães tinham levado a melhor. Eles
estavam "acampados" no palácio com a permissão do governo
Português. Ele não sabia bem para que lado pendia aquela
neutralidade, mas neste momento não estava a seu favor. Quando a
porta se abriu ele pode ouvir os alemães entrarem.
-
'Herr Jones. Finalmente
encontramo-nos. Pelo que vejo a sua reputação está muito
exagerada.' - Ouviu nas suas costas.
- 'Pelo que sei a dos nazis também,
andam a levar uma coça dos soviéticos.' - retorquiu Indy. Mal tinha
acabado de o dizer, sentiu a pancada de um punho nazi fechado.
- 'Seu americano estúpido. São
apenas percalços até dominarmos a Europa. E quando encontrarmos a
lança do destino nada nos deterá.
Now,
Herr Jones só preciso que
me diga as dicas. Temos um manuscrito cheio de rabiscos árabes e
números mas não sei que fazer com eles.'
Indy não disse nada, nunca iria
dizer nada, a seta era demasiado valiosa e ele tinha a única
solução para a encontrar. Restava-lhe esperar o momento
correcto.
Parque da Pena
E o momento tinha chegado, Silva
deve ter criado uma diversão, a corda mal atada fez o resto. O
Coronel alemão tinha saido da sala para tratar do "incidente". Um
pontapé no soldado mais perto, um roubar de arma e dois tiros
certeiros fizeram que Indy fosse o único consciente naquela sala.
Agora era só usar o chicote e saltar pela janela... Isto se não
estivesse no último andar! Do corredor ouvia-se as botas dos
soldados chamados pelo Coronel, a fuga também não passava por aqui.
Indy olhou ao redor e só então reparou que estava numa biblioteca.
Passou a vista por todos os recantos e então viu uma pequena
diferença entre duas estantes. empurrou um pouco e conseguir ver
uma passagem por detrás. Ele já tinha alguma experiência de fuga do
Schloss Neuschwanstein e este palácio não havia de ser muito
diferente.
Fora do palácio havia apenas uma direcção a tomar. Através da
luxuriante Feteira da Rainha, cheia de fetos arbóreos, castanheiros
e carvalhos. Quando desceu pelo vale conseguiu ouviu,
'Schwein, deixaram o
americano fugir...'. Parecia ter entrado noutro mundo. Quantos
tesouros existiriam por alí? Isso não interessava ele procurava
apenas um. E, finalmente, chegara ao sitio dele. As pistas todas
apontavam, para aqui. Afastou um pouco as folhas secas e
sentiu uma caixa. A seta do destino estava a centímetros das
suas mãos. Os primeiros raios de sol da manhã atingiram a sua
cara.
Foi quando amanheceu que reparou
nas inúmeras setas que existiam por ali. Pontas de lança penetrando
uma lua crescente. A seta do destino no ventre do monte da
lua...
Los Alamos, Texas, Dezembro de
1942
Uma pequena particula, tão pequena
que nenhum homem a pode ver, acelerada embate noutras pequenas
partículas. Uma reacção em cadeia que liberta mais energia do que
consome. A primeira reacção nuclear auto-sustentada foi iniciada
por um ser humano.
Quem tiver a lança do destino e resolver os seus mistérios detém o
destino do mundo nas suas mãos. Para o Bem e para o Mal!
Cache
A cache encontra-se no Parque
da Pena, gerido pelo Monte da Lua, empresa de capitais
exclusivamente públicos. Para mais informações e horário ver
aqui.
Apenas um resumo, a esta data o bilhete é 5€ para adultos e
gratuito para crianças e munícipes aos domingo de manhã (parque
apenas). Primeira entrada às 9h00, última entrada às 19h00 na época
alta ou 17h00 na época baixa. Desfrutem da área!