A origem do padrão de Santa Iria anda associado à descoberta do sepulcro da Santa portuguesa, ou a algum achado considerado de origem sobrenatural. De facto, essa descoberta, segundo os textos actualmente conhecidos foi considerado um "milagre", ocorrido em 20 de Outubro de 1320, na presença das próprias pessoas reais, o Rei D. Dinis e sua mulher a Rainha Santa Isabel. A Rainha era devota da mártir Santa Irene, da qual Santarém tirara o topónimo. A tradição afirmava que a santa se encontrava sepultada junto ao Tejo, no local onde se erguera a Igreja de Santa Iria, a Antiga, depois substituída por Santa Iria, a Pequena, espaço que era local de peregrinações e romarias na data do seu calendário litúrgico (20 de Outubro). Todavia, no primeiro quartel do séc. XIV, ninguém se recordava do sítio do túmulo. Vários séculos tinham decorrido e a memória apagara-se na voragem das grandes mudanças civilizacionais e culturais, da época dos godos ao domínio islâmico, do moçarabismo activo à substituição do seu calendário litúrgico pelo romano, em tempo de fundação de Portugal.
Contam os cronistas que na evidência de um mausoléu quadrado de mármore branco, impossível de abrir por todos os seus lados, apesar dos esforços dos artífices, D. Dinis mandou então erguer uma memória do sagrado sepulcro, em pedra e cal, durante as quais se processara o acontecimento "maravilhoso". Simultâneamente a Rainha Santa Isabel fez guardar algumas relíquias da Santa, que entretanto obtivera, num cofre de prata, que mandou guardar na Capela do Senhor Jesus, da Igreja de Santa Iria, a Grande.
O primitivo padrão perdeu-se com o tempo, perante a impetuosidade das cheias periódicas do Tejo. Refere-se que em 1535, o Senado da Câmara de Santarém, face ao "tosco penedo" que ali existia, mandou colocar um novo, do qual se desconhecem pormenores. É muito provável que o terramoto de 1531, com epicentro na região, tivesse contribuído para o quase desaparecimento do padrão de D. Dinis. Todavia ainda não foi esta memória que perdurou até à actualidade. A actividade comercial e portuária da Ribeira do séc. XVI fez arruinar esse padrão, pois muitos barcos prendiam-se às suas pedras, gastando-as. Este padrão foi reconstruído em 1644, assumindo a actual forma, triangular de 2,2m de lado (para melhor resistir às cheias) e 4,4m de altura. Sobre este pedestal veio a ser colocada uma imagem de pedra policromada de Santa Iria no hábito beneditino. A imagem encontra-se com o rosto e corpo virados para o planalto de Marvila, encontra-se debaixo de uma cúpula de ferro forjado. Coroa toda a obra um catavento de bandeira encimada com uma cruz aberta.
O padrão de Santa Iria serviu depois como instrumento de medição das águas do Tejo e há quem veja nele um anunciador das cheias periódicas, situação profana que acabou por ser aproveitada pela Direcção de Serviços Hidráulicos do Tejo a partir do séc. XIX. Os populares dizem que quando as águas do Tejo chegarem aos pés da santa, Lisboa estará inundada
As coordenadas publicadas encontram-se perto do padrão, veja qual o número X existente no losango (superior) perto da graduação da altura das águas. Para obter as coordenadas finais subtraia às centesimas de segundo da latitude(X+1) e às da longitude(X).
Ou seja: N 39° 14.174-(X+1) W 008° 40.363- X
|